quarta-feira, 22 de junho de 2016

O tal do ponto-e-vírgula


Dando sequência às dicas de como melhorar a escrita (a parte de Língua Portuguesa, mesmo, com suas regrinhas tão famigeradas), hoje vou falar sobre ponto-e-vírgula.

Para que serve este sinal que é mais que uma vírgula e menos que um ponto?


1. Separar listas:


A primeira regra de uso do ponto-e-vírgula é a que menos induz ao erro: no fim de cada enunciado de uma lista, deve-se usar o ponto-e-vírgula:

Nos “termos de uso” do blog Qualquer Sentido, encontramos:

VOCÊ PODE:
* Copiar trechos de até 100 palavras, desde que cite a autora do blog (Andreia Evaristo) e coloque o link para o artigo de onde tirou a citação. Colocar os créditos é uma forma bacana de gerar interação dentro da blogosfera;
* Colocar um link para qualquer artigo deste blog em uma publicação no seu blog ou site, sem precisar da minha autorização prévia;
* Fazer uma citação indireta de algum trecho que leu/viu aqui no Qualquer Sentido, desde que atribua os devidos créditos (nome da autora e link para o artigo).

Com exceção do último item, os itens anteriores precisam terminar com ponto-e-vírgula.


2. Separar orações, desde que a segunda contenha zeugma:


Calma, calma, calma! Sei que a zeugma pode assustar, mas eu juro que vou passinho por passinho, tá?

Algumas vezes, nós subtraímos um verbo de uma frase, porque tal verbo já foi usado antes, certo? Sempre que houver essa subtração, no lugar onde o verbo deveria estar, deve haver uma vírgula. Veja:

Você gosta de Matemática // eu (gosto) de Português.

Não é necessário repetir o verbo gostar na segunda oração, certo? Logo, ele pode ser substituído por uma vírgula.

Você gosta de Matemática // eu, de Português.

Então, para separar a primeira oração da segunda, você precisa de algo maior que uma vírgula e menor que um ponto – aqui entra o ponto-e-vírgula:

Você gosta de Matemática; eu, de Português.

Vejamos outros exemplos:

* Há nuvens no céu; na terra, você.
  ( nuvens no céu // na terra você.)
* Na casa dela, só havia móveis antigos; na minha, só coisas modernas.
   (Na casa dela, só havia móveis antigos // na minha casa havia só coisas modernas.)
* “Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de selos.” (José Lins do Rego).
   (“Um deles queria saber dos meus estudos // outro queria saber se trazia coleção de selos.”)
* “A vida é um grande jogo; o destino, um parceiro temível.” (Érico Veríssimo)
   (“A vida é um grande jogo // o destino é um parceiro temível.”)
* “O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca.” (Raul Pompeia)
  (“O colégio compareceu fardado // a diretoria compareceu de casaca.”)


3. Conjunções colocadas depois dos verbos


a) Orações adversativas:


São orações que se opõem à ideia presente na oração anterior, contrastando com elas, compensando-as, apresentando uma ressalva.

Gosto de Maria Augusta, mas...

Não importa com o que eu complete minha frase: você sabe que a próxima oração terá um sentido negativo, porque a conjunção mas é adversativa, ou seja, a próxima ideia é oposta à primeira (que é a ideia de gostar, que é algo positivo).

As principais conjunções adversativas são: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto, senão...

O que acontece em geral é que essas conjunções venham logo no início da segunda oração, que é separada da primeira por uma vírgula:

Gosto de Maria, mas ela é meio desbocada.
* Gosto é o verbo da primeira oração
* É é o verbo da segunda oração.
* A conjunção mas pode ser substituída por outra.

Sempre que sua frase mantém essa ordem, a conjunção estará antes do verbo da segunda oração. Contudo – e aqui é que vai entrar o ponto-e-vírgula – se a sua conjunção vier após o verbo da segunda oração, ela precisará ser separada do restante da frase com vírgulas, ou seja, uma vírgula antes e outra depois da conjunção. Veja:

Gosto de Maria // ela é, entretanto, meio desbocada.

Como a conjunção entretanto foi separada do restante da frase por vírgulas, é necessário substituir a vírgula que separava as duas orações. Mas orações coordenadas não se separam com ponto: precisamos, então, de um ponto-e-vírgula. Veja:

Gosto de Maria; ela é, entretanto, meio desbocada.


b) Orações conclusivas:


São orações que dão a ideia de conclusão, uma consequência lógica em relação à ideia da primeira oração.

Falei tanto, tanto, tanto naquela aula, de modo que...

Qual seria a conclusão lógica a partir dessa primeira premissa, de falar demais? Provavelmente, fiquei rouca, perdi a voz, precisei de um remédio para a garganta ou algo do tipo, certo?

As principais conjunções conclusivas são: portanto, por isso, de modo que...

Assim como nas orações adversativas, o que acontece em geral é que essas conjunções venham logo no início da segunda oração, que é separada da primeira por uma vírgula:

Você leu as mensagens dele no whatsapp, de modo que deve respondê-las.  
* Leu é o verbo da primeira oração
* Deve é o verbo da segunda oração.
* A conjunção de modo que pode ser substituída por outra.

Aqui, seguimos a mesma regra anterior: sempre que sua frase mantém essa ordem, a conjunção estará antes do verbo da segunda oração. Contudo – e aqui é que vai entrar o ponto-e-vírgula – se a sua conjunção vier após o verbo da segunda oração, ela precisará ser separada do restante da frase com vírgulas, ou seja, uma vírgula antes e outra depois da conjunção. Veja:

Você leu as mensagens dele no whatsapp // deve, portanto, respondê-las.  

Como a conjunção portanto foi separada do restante da frase por vírgulas, é necessário substituir a vírgula que separava as duas orações. Mas orações coordenadas não se separam com ponto: precisamos, então, de um ponto-e-vírgula. Veja:

Você leu as mensagens dele no whatsapp; deve, portanto, respondê-las.  


São essas as três regrinhas para o uso do ponto-e-vírgula. Espero, mesmo, ter tornado o assunto um pouco mais simples. Caso tenha restado alguma dúvida, é só me deixar um comentário que terei prazer em responder.

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