Dando sequência às dicas de como
melhorar a escrita (a parte de Língua Portuguesa, mesmo, com suas regrinhas tão
famigeradas), hoje vou falar sobre ponto-e-vírgula.
Para que serve este sinal que é mais que uma vírgula e menos que um ponto?
1. Separar listas:
A primeira regra de uso do
ponto-e-vírgula é a que menos induz ao erro: no fim de cada enunciado de uma
lista, deve-se usar o ponto-e-vírgula:
Nos “termos de uso” do blog
Qualquer Sentido, encontramos:
VOCÊ PODE:
* Copiar trechos de até
100 palavras, desde que cite a autora do blog (Andreia Evaristo) e coloque o
link para o artigo de onde tirou a citação. Colocar os créditos é uma forma
bacana de gerar interação dentro da blogosfera;
* Colocar um link para
qualquer artigo deste blog em uma publicação no seu blog ou site, sem precisar
da minha autorização prévia;
* Fazer uma citação
indireta de algum trecho que leu/viu aqui no Qualquer Sentido, desde que
atribua os devidos créditos (nome da autora e link para o artigo).
Com exceção do último item, os
itens anteriores precisam terminar com ponto-e-vírgula.
2. Separar orações, desde que a segunda contenha zeugma:
Calma, calma, calma! Sei que a
zeugma pode assustar, mas eu juro que vou passinho por passinho, tá?
Algumas vezes, nós subtraímos um
verbo de uma frase, porque tal verbo já foi usado antes, certo? Sempre que
houver essa subtração, no lugar onde o verbo deveria estar, deve haver uma
vírgula. Veja:
Você gosta de Matemática // eu (gosto)
de Português.
Não é necessário repetir o verbo
gostar na segunda oração, certo? Logo, ele pode ser substituído por uma
vírgula.
Você gosta de Matemática //
eu,
de Português.
Então, para separar a primeira
oração da segunda, você precisa de algo maior que uma vírgula e menor que um
ponto – aqui entra o ponto-e-vírgula:
Você gosta de Matemática; eu, de
Português.
Vejamos outros exemplos:
* Há nuvens no céu; na
terra,
você.
(Há nuvens no céu // na terra há você.)
* Na casa dela, só havia
móveis antigos;
na minha,
só coisas modernas.
(Na casa dela, só havia móveis antigos // na minha casa havia só
coisas modernas.)
* “Um deles queria saber
dos meus estudos;
outro,
se trazia coleção de selos.” (José Lins do Rego).
(“Um deles queria saber dos meus estudos //
outro queria
saber se trazia coleção de selos.”)
* “A vida é um grande jogo; o
destino,
um parceiro temível.” (Érico Veríssimo)
(“A vida é um grande jogo // o destino é um
parceiro temível.”)
* “O colégio compareceu
fardado;
a diretoria,
de casaca.” (Raul Pompeia)
(“O colégio compareceu fardado // a diretoria compareceu
de casaca.”)
3. Conjunções colocadas depois dos verbos
a) Orações adversativas:
São orações que se opõem à ideia
presente na oração anterior, contrastando com elas, compensando-as,
apresentando uma ressalva.
Gosto de Maria Augusta, mas...
Não importa com o que eu complete
minha frase: você sabe que a próxima oração terá um sentido negativo, porque a
conjunção mas é adversativa, ou
seja, a próxima ideia é oposta à primeira (que é a ideia de gostar, que é algo
positivo).
As principais conjunções
adversativas são: mas, porém, todavia,
contudo, no entanto, entretanto, senão...
O que acontece em geral é que
essas conjunções venham logo no início da segunda oração, que é separada da
primeira por uma vírgula:
Gosto de Maria, mas ela é
meio desbocada.
* Gosto é o verbo da primeira oração
* É é o verbo da segunda oração.
* A conjunção mas pode ser substituída por outra.
Sempre que sua frase mantém essa
ordem, a conjunção estará antes do verbo da segunda oração. Contudo – e aqui é
que vai entrar o ponto-e-vírgula – se a sua conjunção vier após o verbo da
segunda oração, ela precisará ser separada do restante da frase com vírgulas,
ou seja, uma vírgula antes e outra depois da conjunção. Veja:
Gosto de Maria // ela é, entretanto, meio desbocada.
Como a conjunção entretanto foi separada do restante da
frase por vírgulas, é necessário substituir a vírgula que separava as duas
orações. Mas orações coordenadas não se separam com ponto: precisamos, então,
de um ponto-e-vírgula. Veja:
Gosto de Maria; ela é, entretanto, meio desbocada.
b) Orações conclusivas:
São orações que dão a ideia de
conclusão, uma consequência lógica em relação à ideia da primeira oração.
Falei tanto, tanto, tanto
naquela aula, de modo que...
Qual seria a conclusão lógica a
partir dessa primeira premissa, de falar demais? Provavelmente, fiquei rouca, perdi
a voz, precisei de um remédio para a garganta ou algo do tipo, certo?
As principais conjunções conclusivas
são: portanto, por isso, de modo que...
Assim como nas orações adversativas,
o que acontece em geral é que essas conjunções venham logo no início da segunda
oração, que é separada da primeira por uma vírgula:
Você leu as mensagens dele no whatsapp, de modo que deve respondê-las.
* Leu é o verbo da primeira oração
* Deve é o verbo da segunda oração.
* A conjunção de modo que pode ser substituída por
outra.
Aqui, seguimos a mesma regra
anterior: sempre que sua frase mantém essa ordem, a conjunção estará antes do
verbo da segunda oração. Contudo – e aqui é que vai entrar o ponto-e-vírgula –
se a sua conjunção vier após o verbo da segunda oração, ela precisará ser
separada do restante da frase com vírgulas, ou seja, uma vírgula antes e outra
depois da conjunção. Veja:
Você leu as mensagens dele no whatsapp // deve, portanto, respondê-las.
Como a conjunção portanto foi separada do restante da
frase por vírgulas, é necessário substituir a vírgula que separava as duas
orações. Mas orações coordenadas não se separam com ponto: precisamos, então,
de um ponto-e-vírgula. Veja:
Você leu as mensagens dele no whatsapp; deve, portanto, respondê-las.
São essas as três regrinhas para
o uso do ponto-e-vírgula. Espero, mesmo, ter tornado o assunto um pouco mais
simples. Caso tenha restado alguma dúvida, é só me deixar um comentário que
terei prazer em responder.
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