sábado, 29 de outubro de 2016

Dia do livro


Desde que me deparei a primeira vez com a magia que podia vir das letras, fui enfeitiçada. Não podia ver qualquer conteúdo escrito: com uma fome que só meus olhos tinham, devorava cada sílaba que os sinais gráficos eram capazes de produzir. Das placas de rua, quando procurávamos uma casa em Joinville, para as revistas em quadrinhos foi um passo bem pequeno. Dos quadrinhos para os livros, menor ainda. As letras me encantavam como o canto da sereia sempre encantou marujos e marinheiros, ávidos por amor e sedentos por companhia.

Assim, em meus muitos anos de leitora, conheci pessoas incríveis, com suas histórias ricas em detalhes e cheias de sentimentos. Algumas, alegres e divertidas, daquelas que fazem rir até a mais carrancuda das pessoas. Outras, tristes como a despedida final, daquelas que arrancam lágrimas até mesmo de olhos cansados da jornada. Cada uma com sua espetacular beleza, única, especial.

sábado, 15 de outubro de 2016

Bipolaridade do tempo


Sempre que eu penso no tempo, uma ideia permeia minha mente: ele cura tudo. A ele pertence o poder de levar embora os males, de curar as feridas, de apagar os sulcos vincados na terra. É como um avô bondoso, de barbas brancas e longas, com uma bengala nas mãos a lhe auxiliar a caminhada.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Como um livro mal escrito pode se tornar best-seller

resenha o inferno de gabriel sylvain reynard

Além de formada em Letras, nos últimos tempos, tenho me dedicado com muito afinco aos estudos de teoria literária e às linhas que norteiam a escrita criativa e a arte de contarhistórias. Assim, é inevitável que, ao ler os mais variados gêneros de livros, eu me pegue analisando a forma como os escritores desenvolvem suas histórias – e no que eles acertam, e no que eles erram.

Estou terminando a leitura do livro O inferno de Gabriel, o primeiro de uma saga escrita por Sylvain Reynard. A história traz um romance entre um professor universitário, Gabriel Emerson, um bom vivant cheio de luxúria, pecador assumido, e Julianne Mitchell, uma aluna angelical, inocente e virgem, apaixonada por Gabriel desde a adolescência. O livro é um grande best-seller, mas divide opiniões entre os leitores: há aqueles que o amam, e aqueles que não conseguem sequer terminar a leitura do primeiro capítulo. Mas por que isso acontece?

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Avesso perfeito


Quando menina, sempre observei minha mãe dedicando horas e horas a fios, tecidos e tesouras. O amor em forma de artesanato sempre deixou nossa casa mais bonita, com aquele aconchego que a modernidade conseguiu enterrar quando soterrou mulheres com problemas de quem enfrenta jornadas de trabalho de quarenta horas semanais.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Vídeo: Como estruturar enredos de sucesso


O que há em comum entre Cinquenta tons de cinza, A culpa é das estrelas e O código da Vinci? Qual é a linha condutora por trás dessas histórias capaz de torná-las grandes sucessos de público, tanto nos livros quanto nos filmes?

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Amor de mãe é como chá

* Para Amanda Dognini

cronica andreia evaristo sobre cha e o amor de mae

Quando pequena, ela amava os chás que a mãe lhe oferecia, independente do sabor. Hortelã, cidreira, macela, não importava: chás aqueciam-lhe o corpo de fora para dentro, e a alma de dentro para fora.

Como amor de mãe, os chás também auxiliavam na cura dos males do corpo. O pai trazia-lhe remédios, às vezes amargos, às vezes difíceis de engolir. A mãe, não. Ela acreditava na cura pelo amor, pela força da natureza, pela água que fumaceava xícara afora. A menina recebia nas mãozinhas pequenas ambos os remédios. Quando vinham do pai, ela fechava os olhos, tentando esconder-se do desconforto que sentia. Quando vinham da mãe, ela virava a xícara com as duas mãos, encarando os olhos da mulher, numa cumplicidade que só uma mãe e uma filha são capazes de ter.