domingo, 27 de dezembro de 2015

Retrospectiva 2015

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Fim de ano é sempre tempo de retrospectiva – não apenas aquela da televisão, que mostra os melhores e os piores momentos do ano (transmitem isso ainda?), mas aquela retrospectiva interior, pessoal, introspectiva.

Tenho visto muita gente por aí reclamando de 2015, que foi um ano pesado, um ano difícil, cheio de crise. Foi o ano em que nós, seres humanos, falhamos miseravelmente, enquanto humanidade. Assistimos a ataques terroristas, de homens se levantando contra homens. Presenciamos a negligência contra nossos irmãos desesperados, fugindo da guerra em busca de sonhos – e fomos obrigados a encarar nossa própria miséria no rosto pequenino deitado na areia, com as ondas a lamberem os sonhos que nunca mais serão. Discutimos com nossos jovens a desigualdade entre homens e mulheres, mesmo que fosse para discordar da forma como o Enem abordou a questão.


Entre tantos eventos que se destacam neste fim de ano, há algo que me chama muito a atenção: a forma como pessoas diferentes lidam com o mesmo fato. Há que olhe para tudo com o coração inchado de mágoa, de decepção, de dores profundas da alma e do corpo. Há quem preencha sua mente com tudo o que passou e tenha sempre seu discurso carregado de depressão. Há outros que, apesar do descontentamento, focam no futuro: ano que vem há de ser diferente! Mas seu discurso não é otimista, é escapista – uma tentativa desesperada de fugir do momento presente, porque a realidade o assusta, o amedronta, o paralisa. E aí surge a ansiedade.

Vivo em meio ao tiroteiro de depressivos e ansiosos. Fui julgada por ser otimista demais, por não permitir que meu coração deixe entrar um pouco das sombras do mundo, por ter síndrome de Poliana. Mas o caso é que a vida sempre tem mais de um lado.

Se não fomos capazes de ser pessoas melhores em 2015, que pelo menos nossos exemplos sirvam de aprendizado, para que não continuemos a repetir ad aeternum os mesmos erros que foram cometidos até agora. Quanto ao futuro, pense nele como uma nova oportunidade, não uma válvula de escape. Lembre-se de que construir o amanhã começa no hoje. O momento em que tudo acontece é o agora, esse é o nosso presente.

Que em 2016 cada segundo seja um novo momento de ser diferente.

(Andreia Evaristo)
Crônica publicada em 26 de dezembro de 2015, no caderno Anexo, do jornal A Notícia.

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