sexta-feira, 1 de abril de 2016

Contexto e conteúdo

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Syd Field, roteirista de Hollywood e escritor de livros como Manual do Roteiro, dá uma dica preciosa para quem quer desenvolver qualquer um dos elementos da narrativa: contexto e conteúdo.

Contexto seria o entorno que envolve qualquer um dos elementos narrativos. Conteúdo é o que há dentro desse contexto. Imagine o contexto como uma xícara: é a xícara que segura no lugar exato qualquer coisa que se coloque dentro dela, seja água, café, açúcar ou farinha. O que nós colocamos dentro dessa xícara é o conteúdo: ele pode ser puro como o café, mas fica mais interessante se conseguirmos acrescentar misturas diferentes dentro desse contexto, como leite, caramelo e pimenta.

Vamos aplicar essa premissa de contexto e conteúdo à criação de uma história, partindo do personagem.

a)      É uma pessoa do sexo masculino ou feminino? (pode optar por um gênero não binário, mas precisa ser relevante à história)
b)      Que idade tem? Criança, adolescente, adulto, idoso?
c)      Onde mora? Em que época? Há alguma grande notícia relacionada ao período / local onde esse personagem mora?
d)     O que faz da vida?
e)      Quem são seus pais? Tem irmãos? Como se relaciona com a família?
f)       Quais são seus gostos? Desgostos? Traumas?
g)      Tem algum hobbie, alguma mania?
h)      Passou por alguma situação traumática no passado?

Todas as características que formos atribuindo a esse personagem são seu contexto. São essas coisas que seguram o personagem no lugar, são elas que constroem quem ele é, interna e externamente. De todas essas coisas, podemos elencar uma delas que seja o estopim para a história começar.

Imaginemos que nossa história trata de uma mulher, em torno dos trinta anos, que não se casou. Não possui filhos nem namorado, mas mantém alguns amigos coloridos. Pense nas situações da vida dessa mulher que a levaram a acreditar que manter um relacionamento estável não era uma boa alternativa. Talvez ela tenha sido noiva, tenha mantido um longo relacionamento e acabou descobrindo, um dia antes de se casar, que fora traída. Talvez ela tenha presenciado muitas brigas dos pais em casa, e então decidiu que essa vida de mulher casada não era para ela. Imaginemos que essa mulher, por não estar atrelada a nenhum relacionamento fixo, conseguiu fazer sua carreira deslanchar: fez faculdade, mestrado e está terminando o doutorado. Trabalha numa grande empresa e acredita que está prestes a ser promovida. Temos aqui um contexto.

A partir daqui, podemos achar o conteúdo para nosso enredo. Talvez, nesse novo emprego, essa mulher se depare com seu antigo noivo, que a traiu – a história pode partir daqui.

Lembre-se: todo bom drama pressupõe conflito.

Esse homem talvez seja o chefe para quem ela vai trabalhar. Ou talvez seja o sócio majoritário de uma empresa que pretende contratar os serviços da empresa onde ela trabalha, e que faz questão que seja ela a encabeçar o projeto.

Aqui temos o primeiro conflito: ela quer ser promovida, mas não quer trabalhar para / com o ex-noivo.

Por isso, ela precisa buscar alternativas para alcançar seu objetivo. Quanto mais obstáculos ela encontrar, maior será a tensão criada – e maior será o envolvimento do público.

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